Unidade prisional de Maués trabalha a ressocialização dos presos por meio da leitura

Além de aprender a ler e escrever, participantes do projeto terão 90 dias de remissão da pena. Para o diretor do presídio, Ademar Gruber, o mais importante é a oportunidade de mudança que se dá aos apenados.

Presos que participam do Amazonas Alfabetizado tem remissão da pena e aprendem o processo da ressocialização (Divulgação)
O sistema penitenciário de Maués (a 365 quilômetros de Manaus) consegue zerar o índice de analfabetos entre os seus 213 presos que atualmente cumprem pena. Com o encerramento do Programa Amazonas Alfabetizado, que teve início em setembro de 2014, 28 internos aprenderam a ler e escrever e reforçaram o trabalho da direção da unidade em parceria com o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado e Administração Penitenciária (Seap), que visa utilizar o aprendizado para a remissão de pena e ressocialização dos detentos.
Além de aprender a ler e escrever, os participantes do projeto terão 90 dias de remissão da pena. No entanto, para o diretor do presídio, Ademar Gruber, o mais importante é a oportunidade de mudança que se dá aos apenados.
“Não temos mais nenhum analfabeto e isso ajuda muito nesse processo de recuperação. Frequentar a escola não ensina só português e matemática, mas ensina boas maneiras diante da sociedade”, comemorou Grauber.
A turma inicial era de 38 alunos, no entanto, segundo o diretor Ademar Gruber, dez conseguiram alvará de soltura, remissão de pena e outros benefícios que permitiram a saída do sistema prisional. As aulas foram ministradas sempre das 14h às 17h na biblioteca da unidade e funcionou como atividade complementar. “Nós não os tiramos do banho de sol. Demos a eles a chance de ocupar um tempo que estava vago, que eles não produziam nada”.
Coordenadora do projeto, que é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a professora Eliana Breves, destaca a importância de todos estarem alfabetizados. “Se todos sabem ler, eles são boa influência para eles mesmos dentro do presídio. Quando saírem terão as mesmas oportunidades”, disse. Segundo ela, o gosto dos presos pela leitura é o que mais chama atenção no local.
Desde a criação da Biblioteca da UP Maués, que hoje conta com mais de 2,5 mil livros em seu acervo, a direção investe na leitura para a recuperação dos internos. Uma das formas é incentivar que eles emprestem livros, façam a leitura e, pela decisão do juiz, ganhem a remissão da pena.
“Os interessados emprestam um livro por 10 dias para ler. Quando terminam, na escola da unidade, eles preenchem uma ficha que avalia se eles realmente leram. A ficha é enviada ao juiz e se ele considerar válida ele pode dar até 10 dias de remissão de pena ao leitor”, explicou Gruber.
Fonte: Acrítica