Boa Vista do Ramos: A estrutura para produzir mel

Um dos menores municípios do Estado ganhou ontem  uma ‘fábrica’ certificada dentro dos padrões legais de produção

O investimento realizado na adequação da Casa do Mel às exigências legais foi de cerca de R$ 800 mil, doados pela Associação Nordesta Reflorestamento e Educação(Divulgação)
Com potencial para a prática da meliponicultura e um número significativo de criadores de abelhas sem ferrão, o município de Boa Vista do Ramos (a 269 quilômetros de Manaus) é o primeiro do Amazonas a ganhar  uma “Casa do Mel” nos padrões exigidos legalmente.
A casa, que funcionará como um entreposto para beneficiamento do mel de abelhas sem ferrão da região, foi inaugurada ontem  e contou com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e Associação Nordesta Reflorestamento e Educação.
A Casa do Mel é uma iniciativa da Cooperativa dos Criadores de Abelhas Indígenas da Amazônia de Boa Vista do Ramos (Coopmel), que desde o início dos anos 2000 desenvolve a meliponicultura (criação e manejo técnico de abelhas) e enfrenta os desafios legais para a certificação dos produtos para a comercialização. O objetivo é proporcionar produtos de qualidade e renda extra para cerca de 70 famílias de 23 comunidades rurais situadas em cinco regiões do município: Lago Preto, Rio Urubu, Ramos de Cima, Ramos de Baixo e Massauari. 
“A inauguração da Casa do Mel reflete o interesse e o esforço interinstitucional conjunto na capacitação dos cooperados para o desenvolvimento comercial da meliponicultura no Amazonas”, disse a líder do grupo de Pesquisas em Abelhas do Inpa (GPA-Inpa),  Gislene Carvalho-Zilse.
De acordo com o técnico do GPA, Hélio Vilas Boas, os meliponicultores receberam técnicas específicas sobre boas práticas de produção, coleta e transporte do mel até a Casa do Mel, processamento, armazenamento e embalamento de mel para comercialização.    
Para o técnico operacional da Casa do Mel Jeremias Vieira, os treinamentos foram fundamentais porque proporcionaram aos meliponicultures da região, por exemplo, a capacidade de identificar o melhor período para a coleta do mel. “Aprendemos muito, como o tempo certo de fazer a coleta, que começa em agosto, e fazíamos somente em setembro. Assim, estávamos perdendo dinheiro”, lembra.
A Casa do Mel está dotada de equipamentos que estão dentro das normas de higiene e condições sanitárias exigidas. A organização operacional da Casa e montagem dos equipamentos ficou a cargo do professor da Ufam, José Merched Chaar, que também é membro da OCB.
Fonte: Acrítica