Em pouco mais de um mês, Rio Negro já vazou 93 centímetros em Manaus

Nível das águas já está 9 cm abaixo e a 14,76 m da seca histórica de 2010, segundo dados do Porto.
Manaus - Com a cota em 28,39 metros (m) registrada nesta segunda-feira pelo Serviço de Hidrologia do Porto de Manaus, o Rio Negro já desceu 93 centímetros (cm), desde o último dia 17 de junho, quando iniciou a vazante. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o nível das águas já está 9 cm abaixo e a 14,76 m da seca histórica registrada em 2010, quando o rio chegou a 13,63 m.
Conforme dados do Porto de Manaus, apenas nos últimos sete dias, o Rio Negro vazou 27 cm, caindo de 28,66 m para 28,39 m.
Nos últimos 13 dias, houve uma intensificação da descida das águas, com 51,6% (48 cm) da vazante total verificada até esta segunda-feira, registrada neste período.
Com a descida média de três centímetros por dia, o superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marco Antônio Oliveira, afirma que o ritmo de descida das águas do Rio Negro está normal para o período, uma vez que o processo de vazante e o verão amazônico, no qual o trimestre menos chuvoso é dado pelos meses de julho, agosto e setembro, estão apenas no início.
“Na medida em que as chuvas diminuem, o volume de águas dos rios decresce rapidamente e, no mês de setembro, o nível do rio pode descer mais de 30 cm por dia”, ressaltou.
Segundo Oliveira, mesmo com o auxílio das estações de monitoramento instaladas em Manaus, Santa Izabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, ainda é cedo para prever a magnitude da vazante deste ano. Ele destaca, no entanto, que, levando em consideração o fato de o Estado ter sofrido uma grande cheia e as chuvas dentro da média, é esperada uma vazante normal. 
O nível do Rio Solimões, no último dia 17 de julho, na estação da comunidade de Itapéua, de acordo com o superintendente, foi de 16,32 m.
“O Rio Solimões em Manacapuru tem o mesmo padrão que o Negro, em Manaus. Já em Tabatinga, o ritmo de descida é de mais de 10 centímetros por dia”, informou.
No comparativo com o dia 22 de julho de 2010, quando o Rio Negro atingiu a cota de 26,80 m, o nível das águas, nesta segunda-feira, apresentava uma diferença de menos 1,59 m.
Com a cota de 14,90 m, no último dia 17 de julho, o Rio Madeira, em Humaitá, está a 6,57 m da sua vazante recorde, quando o rio atingiu 8,33 m, em 1969.
Segundo Oliveira, os rios da calha central do Amazonas, como o Negro e Solimões, devem atingir seu valor mínimo entre os meses de outubro e novembro. Podendo chegar a dezembro.
Já no Rio Madeira, em Humaitá, a expectativa é que a vazante termine em meados de outubro.
Seca afetou navegação em 2012
Em 2012, a vazante no Rio Madeira gerou prejuízos na navegação entre os municípios de Humaitá e Porto Velho, segundo o CPRM. As balsas navegavam, na época, com meia carga devido ao calado menor e à presença de pedras.
A população enfrentava ainda dificuldades de locomoção e aquisição de água potável, uma vez que os lagos, por estarem dentro do nível normal, ficaram impossibilitados de serem analisados.
Na época, o secretário adjunto da Defesa Civil estadual, Hermógenes Rabelo, chegou a negar a influência do nível do Madeira na queda da distribuição de combustível no Estado, apesar das afirmações contrárias dos compradores.
Com a cheia do Rio Negro alcançando a cota máxima de 29,33 m, 35 municípios do Amazonas decretaram situação de emergência, neste ano, segundo levantamento da Defesa Civil do Estado do Amazonas.
Ao todo, mais de 273 mil pessoas distribuídas em 54,7 mil famílias foram afetadas pela subida das águas no Estado.
Santo Antônio do Içá, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá, Tonantins, Jutaí, Fonte Boa, Maraã, Tefé, Uarini, Urucurituba, Coari, Manacapuru, Anori, Anamã e Iranduba estão entre os que integraram a lista de cidades afetadas pelas águas.
Caapiranga, Careiro da Várzea, Ipixuna, Itamarati, Carauari, Eirunepé, Juruá, Guajará, Envira, Urucurituba, Alvarães, Altazes, Parintins, Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Apuí, Canutama, Japurá e Manaus precisaram recorrer à medida. Decretada pela Prefeitura, a situação de emergência tem validade de 90 dias e possibilita o pedido de recursos financeiros ao Estado e à União.
FONTE: D24am