Apuí e Urucará despontam como municípios promissores na produção de guaraná

Eles não ameaçam o título de Maués de ‘terra do guaraná’, mas as condições até mesmo mais favoráveis para o cultivo os colocam em posição de destaque no AM.

Que Maués é o berço genético e produtivo do guaraná do Amazonas, ninguém questiona. Mas outros dois municípios do Estado vêm se destacando na produção do fruto, por apresentarem condições mais favoráveis para o cultivo do guaraná: Apuí e Urucará.

Foi o que revelou a engenheira agrônoma da Ambev, Mirian Frota, que explicou que o potencial desses dois municípios se deve, principalmente, ao fato de os plantios de guaraná não serem afetados por pragas nessas localidades.

“Apesar da tradição e de concentrar até 70% da produção do Amazonas, Maués não é o melhor lugar para se produzir guaraná. As melhores condições estão em Apuí e Urucará, onde ainda não temos problemas com as pragas”, explicou.

De acordo com ela, o fato de os agricultores desses dois municípios já possuírem uma tradição agrícola com outras culturas facilitou a implantação do plantio de guaraná nas propriedades. E a não-incidência das principais pragas que afetam a lavoura do guaraná – superbrotamento, antraquiose e trípice – contribuiu para que Apuí e Urucará se tornassem os maiores produtores do Estado, depois de Maués.

Além de Maués, Urucará e Apuí, a Ambev também investe na produção de guaraná dos municípios de Parintins, Iranduba, Coari e Boa Vista do Ramos. Até porque, segundo o XXX da fábrica de Aromas da Ambev em Maués, a Arosucos, Sérgio, a produção de Maués não atende a demanda industrial da Ambev, uma vez que todo o extrato de guaraná utilizado nas fábricas de todo o Brasil e também em países como Japão e Portugal sai da fábrica de Maués.

Suporte
Mas, até mesmo pelas décadas de investimentos feitos pela Ambev, Governo do Estado e prefeitura de Maués nos produtores do município, o título de ‘terra do guaraná’ dificilmente sairá de Maués, acredita Mirian.

“São muitos anos de investimentos e Maués concentra a maioria dos produtores, que na região chegam a 200. Maués sempre será o berço do guaraná, mas a cada ano pretendemos aumentar os investimentos, também, nos outros municípios produtores”, disse.
O apoio aos produtores, segundo Frota, é feito por meio da doação de 50 mil mudas de guaraná selecionado geneticamente por ano, patrulhas agrícolas para mecanização do solo e incremento da produção e ainda programas de infraestrutura nas propriedades, por meio de parcerias entre os governos estadual, municipal e a Ambev.

Pragas
Os investimentos na produção de guaraná não estão restritos à mecanização do solo e produção de mudas. Pesquisas sobre as características genéticas das plantas, com o objetivo de encontrar formas de combate às pragas e aumentar a produção, também estão sendo desenvolvidas por pesquisadores do Brasil e de outros países, informou Mirian.

“Existem pesquisas nacionais e internacionais sobre as pragas do guaraná. Os pesquisadores estão buscando uma forma de extrair da própria planta um mecanismo de proteção contra as pragas, para que não precisemos mais dos agrotóxicos”, explicou.

Hoje, o combate às pragas é feito através de monitoramento e, quando necessário, por meio do uso de agrotóxicos, como conta o produtor Natanael Menezes, eleito produtor modelo de 2011 pela Ambev. Ele, que vive na comunidade de Santa Clara, no rio Urupadi, aponta as pragas como o maior desafio dos produtores.

“Todos sofrem com as pragas por aqui. Este ano comecei a ter problemas, mas elas já estão em todas as propriedades no entorno da minha. O resultado é que acaba afetando a produção e temos que partir para o uso de agrotóxicos indicados pela Ambev”, disse.

Apesar do problema, a safra de Natanael este ano deve chegar a 750 kg de grãos, acima da safra do ano passado, que foi de 600 kg. “Se não tivéssemos problemas com as pragas, talvez essa produção pudesse aumentar ainda mais”, estimou.

Também no rio Urupadi, o produtor Elvis Nascimento Pereira, 18, contou que as pragas não afetam parte significativa da produção graças ao trabalho de monitoramento realizado pela Ambev, que prontamente identifica os pés ‘doentes’ e toma as medidas necessárias.

“A gente faz o que eles orientam e a praga acaba afetando poucos pés. O maior desafio é encontrar os pés doentes e não deixar a praga se espalhar para as outras plantas. Às vezes, é preciso arrancar uma planta e plantar outra”, contou.

Desmatamento
Outro desafio apontado pela engenheira agrônoma da Ambev, Mirian Frota, é aumentar a produção de guaraná sem aumentar os índices de desmatamento na região. Segundo ela, o desmatamento exerce uma grande pressão sobre as áreas verdes de Maués – reflexo, principalmente, da extração ilegal de madeira e formação de pastos – mas os pequenos produtores de guaraná não são os causadores desse desmatamento.

“Maués sofre uma grande pressão de desmatamento, mas os pequenos produtores de guaraná não são o maior problema. Estamos conseguindo manter o desmatamento longe das plantações de guaraná”, garantiu.

De acordo com ela, a conservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) é uma das condições para que os produtores de guaraná conveniados à Ambev façam parte do Programa de Excelência do Guaraná Antarctica (PegA), que oferece uma série de benefícios aos agricultores.

“É comum os produtores quererem desmatar para plantar em uma área maior, mas não deixamos. Orientamos eles que a lei permite que eles plantem em apenas 20% de suas áreas, como define o código florestal em vigor”, explicou.

Fonte: Acrítica