Policiais militares que pesquisam

O caminho para que a atividade policial e, consequentemente, toda a segurança pública, possa ser repensada e rearticulada, passa pela oportunidade de seus integrantes analisarem suas práticas e suas formas de conceberem os fenômenos sociais sobre os quais atuam ou, dão causa.

A pós-graduação strictu sensu é um destes caminhos e também tem estimulado este mesmo condão.

O resultado da história da polícia escrita pelos observadores “de fora”, todos conhecem, contudo, tenho acompanhado com surpresa, os múltiplos relatos de policiais ao dissertarem sobre as peculiaridades da polícia vista, descrita e pensada pelos “de dentro”, ou seja, pelos próprios policiais militares.

Nem todos os pesquisadores sabem, mas se observarmos, nenhum outro órgão público tem o alcance do aparelho policial para descrever as realidades de cada unidade federativa.

O Policial Militar, que é o braço armado do Estado, ao lado do professor, são os únicos servidores presentes em todos os 645 municípios paulistas, ou seja, tem especial relevância no contexto social.


Em maior ou menor grau este cenário se repete Brasil afora, razão do legislador ter redigido no artigo 144 da Constituição Federal que: “segurança pública é responsabilidade de todos”.

Os ganhos materiais e imateriais destas brilhantes pesquisas com autoria de policiais militares é um “capital cultural”, que parte da sociedade, despida de retrógrados preconceitos, já reconhece e, até mesmo, elogia.

As pesquisas não têm obrigatoriamente que se converterem em roteiros de propostas para aplicação imediata, no entanto, nada as impedem de ser; e quando isso acontece demonstram o enorme compromisso social do pesquisador.

Nas Universidades os professores-doutores confirmam que dentro daquela farda, há homens e mulheres - seres desejantes de conhecimentos, que trazem um leque fantástico de perguntas que poderão ser objetos de pesquisa nunca antes contextualizados.

A cada mês o país ganha novos policiais militares titulados; agora em setembro será a vez da Polícia Militar do Estado do Paraná que contará em seus quadros com o promissor Primeiro-Tenente Marcelo Trevisan Karpinski, que receberá da prestigiosa Universidade Federal do Paraná – o título de Mestre em Educação.

Ronilson de Souza Luiz, capitão da Polícia Militar, professor universitário, bacharel e licenciado em letras pela USP, mestre e doutor em educação pela PUC/SP.