Denúncia de crime ambiental em Barreirinha (AM)

Documentos entregues ao MPE relatam que madeireira estaria desmatando e aterrando igarapés para extração de árvores.

A construção de uma estrada de acesso entre uma madeireira e uma área de exploração vegetal na Comunidade do Ariaú, a 70 quilômetros de Barreirinha (município a 329 km de Manaus) está aterrando dois igarapés e suprimindo a vegetação de áreas reflorestadas, onde vivem cerca de 150 moradores da comunidade, que ainda tiveram as propriedades invadidas. 
A denúncia foi feita pela Pastoral da Terra de Barreirinha e pelo conselheiro regional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Renato Souto, que foram procurados pelos moradores das áreas invadidas e encaminharam um relatório ao Ministério Público Estadual (MPE) de Barreirinha, na última sexta-feira.

De acordo com a denúncia feita pela Pastoral da Terra, os danos ambientais surgiram após a venda de uma fazenda com nome de Novo Horizonte, localizada na margem esquerda do igarapé do Xureca, no distrito de Ariaú, para uma empresa de comércio de madeira.
Souto contou que, no fim do mês de agosto deste ano, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) expediu licença de operação e autorização para explorar uma área de 770 hectares, de onde devem ser extraídas 1,6 mil árvores de 19 espécies diferentes, que somam mais de nove mil metros cúbicos de madeira. 

O problema, segundo Souto, é que, para escoar a exploração nessa área, os proprietários da empresa abriram uma estrada na mata, desmatando e invadindo propriedades vizinhas.
“A estrada que a empresa abriu tem mais de três quilômetros e, além de aterrar os igarapés do Xuá e Guariba, ainda invade duas propriedades de comunitários, onde foram destruídas as áreas manejadas”, relatou.
Souto explicou que a madeireira também está usando a estrada para levar as  toras de madeira até um igarapé, onde parte dos troncos é embarcada em balsas para o transporte. Esse caminho também é utilizado para transporte de alimentos e combustível para as máquinas.

O MNDH, a Comissão Pastoral da Terra, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Barreirinha e o acadêmico de geografia da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) Fernando Ribeiro percorreram os três quilômetros da estrada aberta pela madeireira para identificar a localização dos supostos crimes ambientais, por meio de coordenadas geográficas registradas com auxílio de um GPS. Todas elas constam na denúncia encaminhada ao MPE.

Ipaam está investigando municípios
O Ipaam está investigando a extração ilegal de madeira nos municípios de Barreirinha, Maués e Parintins e também a transgressão de condicionantes de licenças ambientais expedidas pelo órgão a donos de propriedades com atividade de exploração vegetal, informou o presidente do instituto, Ademir Stroski. 

De acordo com ele, o órgão já está investigando uma denúncia de irregularidades cometidas por outra madeireira em Barreirinha, encaminhada por moradores de uma comunidade.
“Temos um serviço de inteligência no local, essa não é a primeira denúncia. Aquela é uma região onde sempre temos que redobrar a atenção.”
Stroski informou que pretende entrar em contato com o MPE de Barreirinha para solicitar mais informações sobre a denúncia e, assim, definir as providências a serem tomadas. 

Fonte: Acrítica